ENTREVISTA #5: Ricardo Albuquerque

Por em 1 de janeiro, 1970 - 01/01/1970

Natural de Curitiba, no Paraná, Ricardo Albuquerque é mais uma revelação da grande cena paranaense. Residente do Warung Brach Club, o curitibano é um ativista da boa música, motivo pelo qual fundou o notável núcleo Radiola Records, o qual hoje se desdobrou tornando-se um selo/gravadora e uma festa temática que ocorre sazonalmente em clubs e festivais relevantes da cena, tais como Warung Beach Club, Club Vibe e Amsterdam Dance Event na Holanda

Como produtor musical, o curitibano já figurou nos rankings do principal site especializado em vendas, o Beatport, com um remix para ”Get So Hot” de Kolombo. A parceria com o produtor belga surgiu no primeiro lancamento da história do label Warung Recordings. Hoje Albuquerque divide a responsabilidade de administrar a label do ”templo” com os também residentes Léo Janeiro e Daniel Kuhnen.
Confira a entrevista:

Como tudo começou?

Começou descobrindo que gostava mais de ouvir música do que fazer qualquer outra coisa. A música sempre esteve muito presente e eu usava fones o dia todo desde cedo, tive bandas… Achei que pudesse trabalhar em outra área, mas me enganei. Cheguei a advogar um tempo mas depois fui atras do que eu queria. Nessa época eu já discotecava em festas e gravava sets pros amigos.

 Hoje você é residente do melhor club underground do Brasil, o Warung. Como surgiu essa oportunidade ?

Foi algo que aconteceu naturalmente. Eu criei uma identidade com o Warung por frequentar muito com os meus amigos. Sem dúvidas é o club que mais fui e continuo indo sempre que posso e quando não posso, fico brabo de perder. Minha primeira gig foi no aniversário de 8 anos do club. A ”128bpm” montava os line ups do Garden e fui escolhido pra tocar essa noite histórica. Toquei quatro horas e meia, saí realizado e sentindo que viria muita coisa pela frente. De la pra cá o envolvimento com o club só aumentou, foram cerca de 20 gigs e o convite para integrar os Savages.

Você é um dj experiente, já tocou em vários lugares na Europa, qual a diferença de tocar fora do seu país?

Alguns lugares do Brasil parecem mais com outros países do que a maioria das cidades em que toquei na Europa. A cultura varia de lugar para lugar sim. O jeito de dançar, a intensidade do set, tudo isso muda, mas a vontade de dançar, de se divertir e explorar o novo, sempre estão presentes na pista. Considero que o público europeu exige um pouco mais da noite como um todo, boas salas de som, iluminação, sound system de qualidade e line ups corenetes. Esse conjunto de fatores fazem a noite inteira conspirar a favor do DJ. No Brasil as coisas estão melhorando, mas ainda se vê muita precariedade desses pontos, o que acaba dispersando boa parte do público que talvez não tenha os ouvidos tão treinados. 

Quais são suas referências quando está produzindo?
 

Admiro muitos produtores, mas não tenho nenhuma referência específica em mente quando vou produzir. Na parte técnica às vezes sim, ouvindo um hat de uma track, um kick de outra, óo pra tentar alcançar um nível de qualidade mesmo, mas não de estilo musical. Tenho tentado compor minhas músicas me divertindo no estúdio mesmo. Seja com o Haustuff ou com o Jonny Keys, produzir sempre é algo muito livre. Um começa um loop, o outro dá palpite, muda um pouco, e por aí vai, até na parte de mixagem que também tem cunho artístico. 

Como se sente quando vê alguem tocando suas músicas e quando você recebe algum feedback de grandes djs?
 

Eu só toco músicas de que eu gosto, então quando alguém toca uma música minha eu fico muito feliz de saber que aquele som que eu passei horas em cima chegou a tocar alguém. É uma sensação muito boa, independente de quem toca.

Quando se fala em produção de música eletrônica, o que não pode faltar no estúdio?

Não pode faltar tratamento acústico e o estudo do áudio. Sem ambos, os melhores equipamentos não servem pra nada.

Como surgiu a Radiola Records? Foi uma ideia de negócios ou necessidade do momento para você?

O nome Radiola eu inventei quando abri um grupo no Orkut pra falar sobre música eletrônica. Daí comecei a fazer festas com o nome. Conheci o Haustuff através do DJ Ber Buschle. Fiz dois cursos de produção com ele, começamos a conversar mais e surgiu a ideia de montarmos uma gravadora pra lançar nossas tracks. O Gutto Serta e o Hubenz também entraram no grupo e aí resolvemos alugar um espaço pra que cada um pudesse ter seu estúdio e pudéssemos estar em contato direto pra trocar informações e fazer algumas ações como o live stream.

Como vocês escolhe as tracks ou quem vai lançar pelo selo?

Fazemos uma audição nos estúdios e escolhemos aquelas que têm mais a ver com o momento.

Quais são as novidades nos lançamentos da Radiola?

Acabamos de lançar um Various Artists, é o RDL006 (Amsterdam Dance Hats). É difícil coordenar um lançamento de VA. Nesse sexto release lançamos artistas do selo e artistas envolvidos com o selo. Vale a pena conferir. Em janeiro lança o RDL007 que é um EP meu e do Jonny Keys. O EP contem a faixa DO It que eu tenho tocado em algumas gigs, com um remix do BKing. E outra faixa chamada What Time Is? que eu considero bem artística e original, não parece nada que conheço. Passamos um bom tempo nela, me envolvi bastante. às vezes sonho com o vocal…(risos)

Qual conselho você deixa para os novos DJs e produtores?

Sem chacotagem…toquem sonzera! ; 

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